Roma escolhe as armas e o campo de batalha. Martinho Lutero, porém, contando com a proteção de Frederico, o Sábio, inicia negociações para ser ouvido na própria Alemanha, alcançando seus objetivos.
A Igreja tinha, na ocasião, todo o interesse em se mostrar conciliadora. Temia, entre outras coisas, que, ao arrastar Lutero até a Itália, fizesse explodir uma série de revoltas entre seus simpatizantes. Além do mais, o Papa havia dado instruções precisas ao Cardeal Caetano: deveria conseguir a adesão de todo o norte da Alemanha para uma nova cruzada contra os turcos. Não era demais engolir uma ou duas heresias a fim de assegurar a unanimidade no território do Império. Além disso, as ideias de Lutero não eram assim tão revolucionárias. Muitos cristãos fervorosos, entre os quais o grande humanista Erasmo de Roterdã, faziam as mesmas críticas à corrupção na Igreja. Havia na própria Igreja um movimento latente em favor da austeridade. É verdade que escreviam num latim elegante, utilizando a arma da ironia, enquanto o truculento monge alemão punha em seus escritos uma dose inaceitável de violência. Mas, afinal, questões de forma não eram de modo algum fundamentais... De seu lado, o próprio Lutero também não desejava, por essa época, a ruptura com Roma, nem mesmo a reforma geral da Igreja.
Não custava muito realizar o confronto na Alemanha. A Dieta que deveria ouvir Lutero reuniu-se em Augsburg, em outubro de 1518.
Logo se revelou a má vontade da nobreza alemã em relação à ideia da cruzada, e, principalmente, em relação ao pagamento das novas taxas que a deveriam financiar. Mas houve um ponto de concordância: Lutero cessaria toda a polêmica sobre as indulgências, e os enviados do Papa se comprometiam a conseguir de Leão X que o teólogo rebelde fosse submetido a julgamento nas universidades alemãs. A questão era deslocada apenas para o terreno intelectual. Ainda em janeiro de 1519, sem abjurar suas doutrinas, Lutero proclamava a obediência à Santa Sé e reconhecia o valor das indulgências para o resgate de penas temporais.
A disputa de Leipzig (julho de 1519), entre Lutero e João Eck, reacenderia a controvérsia. Eck, bom teólogo, mas diplomata inábil, exigiu que Lutero repudiasse publicamente suas posições anteriores. Lutero, em vez disso, reafirmou sua doutrina, declarando-se de acordo, em muitos pontos, com João Huss.
Os choques continuaram. Em fevereiro de 1520 vários doutores de Colônia e de Louvain condenaram algumas proposições da doutrina luterana. Baseado nessas condenações, o Papa Leão X editou a bula Exsurge Domine, na qual declarava heréticos os escritos e ensinamentos de Lutero. Se este não se retratasse imediatamente, seria excomungado.
Em 10 de dezembro, Lutero convida os mestres e estudantes da Universidade de Wittenberg para assistirem à "queima de livros de direito eclesiástico". Entre esses livros está um exemplar da bula papal. Em seguida publica um de seus mais violentos escritos:"Por que os Livros do Papa e de seus Discípulos Foram Queimados pelo Doutor Martinho Lutero. Roma responde com a excomunhão.
Martinho Lutero "Do Cativeiro Babilônico da Igreja" páginas 150-151
A Igreja tinha, na ocasião, todo o interesse em se mostrar conciliadora. Temia, entre outras coisas, que, ao arrastar Lutero até a Itália, fizesse explodir uma série de revoltas entre seus simpatizantes. Além do mais, o Papa havia dado instruções precisas ao Cardeal Caetano: deveria conseguir a adesão de todo o norte da Alemanha para uma nova cruzada contra os turcos. Não era demais engolir uma ou duas heresias a fim de assegurar a unanimidade no território do Império. Além disso, as ideias de Lutero não eram assim tão revolucionárias. Muitos cristãos fervorosos, entre os quais o grande humanista Erasmo de Roterdã, faziam as mesmas críticas à corrupção na Igreja. Havia na própria Igreja um movimento latente em favor da austeridade. É verdade que escreviam num latim elegante, utilizando a arma da ironia, enquanto o truculento monge alemão punha em seus escritos uma dose inaceitável de violência. Mas, afinal, questões de forma não eram de modo algum fundamentais... De seu lado, o próprio Lutero também não desejava, por essa época, a ruptura com Roma, nem mesmo a reforma geral da Igreja.
Não custava muito realizar o confronto na Alemanha. A Dieta que deveria ouvir Lutero reuniu-se em Augsburg, em outubro de 1518.
Logo se revelou a má vontade da nobreza alemã em relação à ideia da cruzada, e, principalmente, em relação ao pagamento das novas taxas que a deveriam financiar. Mas houve um ponto de concordância: Lutero cessaria toda a polêmica sobre as indulgências, e os enviados do Papa se comprometiam a conseguir de Leão X que o teólogo rebelde fosse submetido a julgamento nas universidades alemãs. A questão era deslocada apenas para o terreno intelectual. Ainda em janeiro de 1519, sem abjurar suas doutrinas, Lutero proclamava a obediência à Santa Sé e reconhecia o valor das indulgências para o resgate de penas temporais.
A disputa de Leipzig (julho de 1519), entre Lutero e João Eck, reacenderia a controvérsia. Eck, bom teólogo, mas diplomata inábil, exigiu que Lutero repudiasse publicamente suas posições anteriores. Lutero, em vez disso, reafirmou sua doutrina, declarando-se de acordo, em muitos pontos, com João Huss.
Os choques continuaram. Em fevereiro de 1520 vários doutores de Colônia e de Louvain condenaram algumas proposições da doutrina luterana. Baseado nessas condenações, o Papa Leão X editou a bula Exsurge Domine, na qual declarava heréticos os escritos e ensinamentos de Lutero. Se este não se retratasse imediatamente, seria excomungado.
Em 10 de dezembro, Lutero convida os mestres e estudantes da Universidade de Wittenberg para assistirem à "queima de livros de direito eclesiástico". Entre esses livros está um exemplar da bula papal. Em seguida publica um de seus mais violentos escritos:"Por que os Livros do Papa e de seus Discípulos Foram Queimados pelo Doutor Martinho Lutero. Roma responde com a excomunhão.
Martinho Lutero "Do Cativeiro Babilônico da Igreja" páginas 150-151