O AXIOMA DAS ESCRITURAS - O DIREITO DE JULGAMENTO PRIVADO
Há ainda outro princípio da Reforma que é largamente esquecido hoje: o direito de
julgamento privado. Aqueles que defendem a tradição e autoridade da igreja e desprezam
os “solitários”, “cismáticos” e individualistas, ecoam os tiranos de Roma. Estando sozinho
diante dos poderes reunidos de Europa, Lutero disse: “Minha consciência é cativa da
Palavra de Deus, não posso e não vou me retratar de nada, pois não é seguro nem certo ir
contra a consciência”. Ao fazer isso, Lutero estava imitando Elias, que pensava ter ficado
sozinho; e Daniel, que sozinho enfrentou os leões e se tornou governante da Babilônia; e
Cristo, permanecendo sozinho diante dos poderes do judaísmo e da Roma pagã; e Paulo,
que disse que ninguém tinha ficado com ele em seu julgamento; e Atanásio, que se opôs a
todos os outros bispos; e Wycliffe, Hus e muitos outros. O Senhor tem freqüentemente
levantado tais indivíduos heróicos, permanecendo sozinhos pela Palavra de Deus,
desafiando o julgamento de reis, concílios e papas. Os defensores da autoridade e tradição
da igreja não são dignos de desatar as sandálias deles.
Lutero não estava apresentando alguma filosofia do Grilo Falante, de “deixe sua
consciência ser seu guia”; estava apresentando o princípio bíblico que o único guia
confiável é a Escritura, e é o direito de todos os homens ler e interpretar a Escritura por si
mesmo, de acordo com as regras da lógica que a própria Escritura contém. Quanto aos
assim chamados Pais da igreja, Lutero escreveu: “A Escritura deveria ser colocada lado a
lado com a Escritura de uma forma correta e apropriada. Aquele que puder fazer isso
melhor é o melhor dos Pais". Todos aqueles toleram a veneração dos “Pais da Igreja”
deveriam ler essa última sentença de novo. Lutero escreveu:
S. Pedro endereçou essas palavras a todos os cristãos, sacerdotes e laicos,
homens e mulheres, jovens e velhos, seja qual for a posição ou situação em
que estejam. Segue-se que todo cristão deveria conhecer o fundamento, e a
razão de sua fé, e ser capaz de mantê-la e defendê-la quando necessário.
Mas até aqui a leitura da Escritura vinha sendo proibida aos laicos…
Quando você estiver para morrer, não estarei contigo; nem o papa estará. Se
você então não conhece o fundamento de sua esperança, mas meramente
diz: ‘Creio como os concílios, o papa e os Pais têm crido’, e o diabo
responderá: ‘Sim, mas e se eles estiverem errados?’. Então ele terá ganho e
te levará para o Inferno.
Portanto, devemos conhecer o que cremos, a saber, o que é a Palavra de
Deus, não o que o papai e os santos pais crêem ou dizem. Você não deve
colocar confiança em nenhuma pessoa, mas na palavra de Deus pura.
Bispos, o papa, o sábio, e todos os demais têm o direito de ensinar; mas a
ovelha deve julgar se eles estão ensinando o que Cristo diz ou o que um
estranho diz… Portanto, que os bispos e concílios decidam e estabeleçam o
que lhes agradar. Mas se temos a Palavra de Deus diante de nós, somos nós,
e não eles, que devem decidir o que é certo e o que é errado.
Desse direito de julgamento privado brota o princípio bíblico de liberdade de
religião, tão combatido pelas três religiões medievais que estão agora em guerra entre si no
século vinte e um: Romanismo, Islamismo e Judaísmo. Tragicamente, muitos que alegam
ser cristãos e protestantes também se opõem à liberdade de religião e à separação
institucional de igreja e estado. Lutero viu que o Cristianismo implica a liberdade de
consciência e separação da igreja e estado:
Além do mais, todo o mundo arrisca crendo no que crê. Ele deve verificar
por si mesmo se aquilo no que crê está correto. Um homem pode crer ou
descrer por mim, tanto quanto pode ir para o Inferno ou Céu por mim; e
ele pode me levar à fé ou incredulidade tanto quanto pode abrir ou fechar o
Céu ou o inferno pra mim. Visto que, então, a crença ou incredulidade é
uma questão de consciência da pessoa, e visto que isso não diminui o poder
secular, esse poder deveria ficar satisfeito e cuidar do seu próprio negócio,
deixando os homens crer numa coisa ou noutra, como forem capazes e
dispostos, e não deveria constranger ninguém por força. Pois a fé é um ato
voluntário para o qual uma pessoa não pode ser forçada. De fato, é um ato
divino, feito no espírito, certamente não uma obra que um poder externo
deve forçar e criar.
A fé não forçará e pressionará alguém a aceitar o Evangelho… Mas aqui
você vê o papa errar e cometer erros quando ele presume conduzir as
pessoas por força; pois o Senhor ordenou que os discípulos apenas
pregassem o Evangelho. E isso é o que os discípulos fizeram; eles pregaram
o Evangelho e deixaram-no atingir quem quisesse. Eles não diziam: Creia,
ou te matarei.
No fim do mundo os homens não deveriam misturar dois poderes [igreja e
estado], como foi feito no tempo do Antigo Testamento entre o povo
judeu. Mas eles devem permanecer afastados e separados de cada deles, se
haveremos de preservar o verdadeiro Evangelho e a verdadeira fé… Pois
todos tentam pegar a espada. Os Anabatistas, [Thomas] Muenzer, o papa, e
todos os bispos queriam governar e reinar – mas não em seu chamado. Esse
é o caminho miserável do diabo… O diabo faz tudo isso. Ele não pega um
feriado enquanto não misturar as duas espadas.
Deveríamos aprender a separar poder espiritual de temporal, tão longe
quanto o Céu da Terra, pois o papa tem obscurecido grandemente essa
questão e misturado os dois poderes….
Esses também são os princípios da Reforma, largamente esquecidos entre aqueles
que se chamam de Reformados. Devemos lembrar e defender os solas, mas devemos
também lembrar e defender os princípios igualmente bíblicos da consistência lógica, a
Escritura somente, o direito de julgamento privado e a separação da igreja e estado.
Há ainda outro princípio da Reforma que é largamente esquecido hoje: o direito de
julgamento privado. Aqueles que defendem a tradição e autoridade da igreja e desprezam
os “solitários”, “cismáticos” e individualistas, ecoam os tiranos de Roma. Estando sozinho
diante dos poderes reunidos de Europa, Lutero disse: “Minha consciência é cativa da
Palavra de Deus, não posso e não vou me retratar de nada, pois não é seguro nem certo ir
contra a consciência”. Ao fazer isso, Lutero estava imitando Elias, que pensava ter ficado
sozinho; e Daniel, que sozinho enfrentou os leões e se tornou governante da Babilônia; e
Cristo, permanecendo sozinho diante dos poderes do judaísmo e da Roma pagã; e Paulo,
que disse que ninguém tinha ficado com ele em seu julgamento; e Atanásio, que se opôs a
todos os outros bispos; e Wycliffe, Hus e muitos outros. O Senhor tem freqüentemente
levantado tais indivíduos heróicos, permanecendo sozinhos pela Palavra de Deus,
desafiando o julgamento de reis, concílios e papas. Os defensores da autoridade e tradição
da igreja não são dignos de desatar as sandálias deles.
Lutero não estava apresentando alguma filosofia do Grilo Falante, de “deixe sua
consciência ser seu guia”; estava apresentando o princípio bíblico que o único guia
confiável é a Escritura, e é o direito de todos os homens ler e interpretar a Escritura por si
mesmo, de acordo com as regras da lógica que a própria Escritura contém. Quanto aos
assim chamados Pais da igreja, Lutero escreveu: “A Escritura deveria ser colocada lado a
lado com a Escritura de uma forma correta e apropriada. Aquele que puder fazer isso
melhor é o melhor dos Pais". Todos aqueles toleram a veneração dos “Pais da Igreja”
deveriam ler essa última sentença de novo. Lutero escreveu:
S. Pedro endereçou essas palavras a todos os cristãos, sacerdotes e laicos,
homens e mulheres, jovens e velhos, seja qual for a posição ou situação em
que estejam. Segue-se que todo cristão deveria conhecer o fundamento, e a
razão de sua fé, e ser capaz de mantê-la e defendê-la quando necessário.
Mas até aqui a leitura da Escritura vinha sendo proibida aos laicos…
Quando você estiver para morrer, não estarei contigo; nem o papa estará. Se
você então não conhece o fundamento de sua esperança, mas meramente
diz: ‘Creio como os concílios, o papa e os Pais têm crido’, e o diabo
responderá: ‘Sim, mas e se eles estiverem errados?’. Então ele terá ganho e
te levará para o Inferno.
Portanto, devemos conhecer o que cremos, a saber, o que é a Palavra de
Deus, não o que o papai e os santos pais crêem ou dizem. Você não deve
colocar confiança em nenhuma pessoa, mas na palavra de Deus pura.
Bispos, o papa, o sábio, e todos os demais têm o direito de ensinar; mas a
ovelha deve julgar se eles estão ensinando o que Cristo diz ou o que um
estranho diz… Portanto, que os bispos e concílios decidam e estabeleçam o
que lhes agradar. Mas se temos a Palavra de Deus diante de nós, somos nós,
e não eles, que devem decidir o que é certo e o que é errado.
Desse direito de julgamento privado brota o princípio bíblico de liberdade de
religião, tão combatido pelas três religiões medievais que estão agora em guerra entre si no
século vinte e um: Romanismo, Islamismo e Judaísmo. Tragicamente, muitos que alegam
ser cristãos e protestantes também se opõem à liberdade de religião e à separação
institucional de igreja e estado. Lutero viu que o Cristianismo implica a liberdade de
consciência e separação da igreja e estado:
Além do mais, todo o mundo arrisca crendo no que crê. Ele deve verificar
por si mesmo se aquilo no que crê está correto. Um homem pode crer ou
descrer por mim, tanto quanto pode ir para o Inferno ou Céu por mim; e
ele pode me levar à fé ou incredulidade tanto quanto pode abrir ou fechar o
Céu ou o inferno pra mim. Visto que, então, a crença ou incredulidade é
uma questão de consciência da pessoa, e visto que isso não diminui o poder
secular, esse poder deveria ficar satisfeito e cuidar do seu próprio negócio,
deixando os homens crer numa coisa ou noutra, como forem capazes e
dispostos, e não deveria constranger ninguém por força. Pois a fé é um ato
voluntário para o qual uma pessoa não pode ser forçada. De fato, é um ato
divino, feito no espírito, certamente não uma obra que um poder externo
deve forçar e criar.
A fé não forçará e pressionará alguém a aceitar o Evangelho… Mas aqui
você vê o papa errar e cometer erros quando ele presume conduzir as
pessoas por força; pois o Senhor ordenou que os discípulos apenas
pregassem o Evangelho. E isso é o que os discípulos fizeram; eles pregaram
o Evangelho e deixaram-no atingir quem quisesse. Eles não diziam: Creia,
ou te matarei.
No fim do mundo os homens não deveriam misturar dois poderes [igreja e
estado], como foi feito no tempo do Antigo Testamento entre o povo
judeu. Mas eles devem permanecer afastados e separados de cada deles, se
haveremos de preservar o verdadeiro Evangelho e a verdadeira fé… Pois
todos tentam pegar a espada. Os Anabatistas, [Thomas] Muenzer, o papa, e
todos os bispos queriam governar e reinar – mas não em seu chamado. Esse
é o caminho miserável do diabo… O diabo faz tudo isso. Ele não pega um
feriado enquanto não misturar as duas espadas.
Deveríamos aprender a separar poder espiritual de temporal, tão longe
quanto o Céu da Terra, pois o papa tem obscurecido grandemente essa
questão e misturado os dois poderes….
Esses também são os princípios da Reforma, largamente esquecidos entre aqueles
que se chamam de Reformados. Devemos lembrar e defender os solas, mas devemos
também lembrar e defender os princípios igualmente bíblicos da consistência lógica, a
Escritura somente, o direito de julgamento privado e a separação da igreja e estado.