Nas igrejas litúrgicas a música sacra mais apropriada é aquela que está
em sintonia com o contexto da liturgia. O Ano Litúrgico e o Lecionário
expõem todo o desígnio de Deus, apresentando-nos uma visão “completa”
da Bíblia. Portanto, esta tradição litúrgica é que melhor vai nos determinar
a música apropriada para cada ocasião.
Atenção especial deve ser dada àqueles textos que têm um significado
litúrgico particular, para uma celebração específica. As congregações talvez
precisem ser acostumadas a não verem a música como “anexas ao ofício”,
mas como integradas à liturgia. Schalk opina:
Colocar-se sob a disciplina da liturgia é tornar disponível para a
comunidade cultuante a riqueza e experiência da igreja no culto
através dos séculos, ao invés de colocá-la sob a mercê da experiência
individual mais limitada e menos satisfatória ou a mercê de uma
moda passageira disfarçada como relevante.
Isto talvez signifique começar de um novo lugar. Mas disciplinar-se e
disciplinar uma congregação a crescer debaixo da disciplina da liturgia é
chegar a resultados de uma riqueza e profundidade de culto que não serão
possíveis de outra maneira.
Colocar-se sob a disciplina da liturgia significa voltar a uma radical
simplicidade. Isto implica entender o que é realmente o culto, suas prioridades
e o uso da música como uma proclamação doxológica. Tal música sublinha
a ação litúrgica em questão e não a diminui. Tal música não é pretensiosa e
não pensa em “grandes efeitos” com materiais musicais que não a justifiquem
e a tornem em atração superficial. Às vezes o músico de igreja tem a visão
de que foi chamado para um engrandecimento pessoal ou congregacional.
Mas colocar-nos sob a disciplina de uma simplicidade radical significa deixar
de lado a música pretensiosa e bombástica que explora o efeito fácil e que
procura agradar a todo custo. Eis o que Schalk sugere como música
despretensiosa:
Isto significará aplicar à música sacra os princípios da arquitetura
de que a forma segue a função e nada mais. Sugerir um retorno a
uma simplicidade mais radical não implica necessariamente um
espartanismo musical austero. Mas sugere que muito da música de
culto pode refletir uma ostentação que, ou é irrelevante para, ou
injustificada pelas circunstâncias litúrgicas.