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O BEM INFERIOR OU ABAIXO DE NÓS

8/25/2014

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Até aqui vimos bens que são nossos e estão dentro de nós mesmos. De agora em diante veremos aqueles que se encontram em outros e fora de nós. O primeiro deles está nos que estão abaixo de nós, ou seja, os mortos e condenados. Mas não é estranho que algum bem possa ser encontrado nos mortos e condenados? Todavia, o poder da bondade de Deus é tão grande em toda parte que nos dá a ver coisas boas inclusive nos piores males. Comparando aqueles primeiramente conosco, vemos nossas inestimáveis vantagens, como se pode deduzir com facilidade da imagem oposta dos males. Pois tão grandes como são os males da morte e do inferno que lá vemos neles, tão grandes são, sem dúvida, nossas vantagens, tanto maiores quanto maiores forem os males deles. Todas estas coisas não devem ser desprezadas levianamente, porque nos recomendam com veemência a magnificentíssima misericórdia de Deus. E se menosprezam estas coisas, há o perigo de sermos considerados ingratos, de sermos condenados juntamente com aqueles ou de sermos castigados de forma pior. Por isso, quanto mais os vemos sofrer e ulular, tanto mais devemos alegrar-nos sobre a bondade de Deus por nós, conforme Is 65.13ss.: “Eis que meus servos comerão, e vós passareis fome. Eis que meus servos beberão, e vós passareis sede. Eis que meus servos se alegrarão, e vós sereis envergonhados. Eis que meus servos hão de louvar exultando de coração, e vós clamareis de dor no coração, e de contrição do espírito ululareis, e deixareis vosso nome para juramento a meus eleitos”, etc. Por fim, como já disse, os exemplos dos que morrem mal e dos condenados (como também relata o B. Gregório no Diálogo) nos servem de advertência e para o bom êxito na aprendizagem, de modo que feliz é aquele a quem  perigos alheios tornam cauto. Este bem, na verdade, pouco comove, por ser vulgarmente conhecido, ainda que deva ser contado entre os bens máximos e se tenha mostrado de não pequena estima àqueles que têm o coração sensível, visto que a isto se refere grande parte de toda a Sagrada Escritura, a saber, sempre que ela ensina da ira, dos juízos, das ameaças de Deus. Essas doutrinas salutaríssimas nos confirmam de modo extremamente salutar os exemplos dos misérrimos, exemplos estes que são especialmente eficazes se formos levados para dentro dos sentimentos dos que padecem tais coisas, como e estivéssemos no lugar deles, em lugar de sua pessoa. Então nos comoverão e admoestarão ao louvor da bondade de Deus que nos preservou de tais coisas.

Também comparamos estes com o próprio Deus, para assim enxergarmos a justiça de Deus neles. Ainda que isso seja difícil, deve ser tentado mesmo assim. Pois visto que Deus é juiz justo, deve-se amar e louvar sua justiça, e assim alegrar-se em Deus também quando ele destrói os maus de forma miserável em corpo e alma, porque em tudo isso brilha sua suprema e inefável justiça. Por isso também o inferno não está menos cheio de Deus e do sumo bem supremo. Por esta razão, como sua misericórdia, assim também sua justiça ou juízo deve ser amado, louvado e glorificado ao máximo. Neste sentido diz Davi: “O justo se alegrará ao ver a vingança, lavará suas mãos no sangue do pecador”. (Sl 58.11) Por essa razão o Senhor proibiu a Samuel, em 1 Rs 16, chorar por Saul por mais tempo, dizendo: “Até quando chorarás por Saul, tendo-o eu rejeitado para que não reine sobre Israel”? Como se quisesse dizer: “Desagrada-te minha vontade a tal ponto que preferes a vontade do ser humano a mim”? Por fim, é esta a voz do louvor e da alegria através de todo o Saltério: O Senhor é juiz das viúvas e pai dos órfãos;  fará a vingança dos pobres e o juízo do carente; os inimigos serão confundidos, os ímpios destruídos, e muitas coisas semelhantes. Se porém, em misericórdia estulta, alguém quisesse compadecer-se dessa geração de sanguinários, que assassina os justos, inclusive o Filho de Deus, e da multidão de ímpios, seria considerado como alguém que se alegra com a iniquidade deles e aprova o que fizeram, digno de perecer da mesma forma como eles, cujos pecados não quer ver vingados, e haverá de ouvir o que está escrito em 2 Rs 19: “Amas os que te odeiam, e odeias os que te amam”. Pois assim disse Joabe a Davi, quando este chorava demais por Absalão, seu próprio homicida ímpio. Por isso devemos, nesta imagem, co-alegrar-nos com toda a piedade dos santos e com a justiça de Deus, que pune de modo justíssimo os perseguidores da piedade, para libertar deles seus eleitos. E assim vês luzir nos mortos e condenados não bens pequenos, mas os sumos bens, a saber, a vingança da injustiça feita a todos os santos e também a ti, se és justo como eles. Que admira, pois, se Deus, por teu mal presente, vinga teu inimigo, ou seja, o pecado de teu corpo? Sim, deves alegrar-te neste serviço da excelente justiça de Deus, que, mesmo que não o peças, mata e destrói deste modo teu pior inimigo, isto é, teu pecado dentro de ti mesmo. Se tiveres pena disso, serás considerado amigo do pecado e inimigo da justiça que opera em ti, do que deves precaver-te ao máximo, para que não se diga também a ti: “Amas os que te odeiam, e odeias os que te amam”. Assim, pois, como deves, com alegria, ser grato à justiça que luta ferozmente contra teu pecado, do mesmo modo deverias também ser grato a ela quando luta ferozmente contra os pecadores, os inimigos de todos e de Deus. Vês, portanto, que nos males extremos se descobrem os melhores bens, e que podemos alegrar-nos nos piores males, não por causa dos males em si, mas por causa da suma bondade da justiça a nos vingar.

OBRAS SELECIONADAS DE LUTERO VOLUME 2 TÁBUA 2 CAPÍTULO 4 PG 39-41 “O PROGRAMA DA REFORMA” 

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    Sou Pastor Evangélico ha mais de 20 anos, com formação em Teologia 

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