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O PAÍS QUE SURGE DAS ELEIÇÕES

10/29/2014

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O PAÍS QUE SURGE DAS ELEIÇÕES

INTRODUÇÃO

Começo este texto falando sobre o meu posicionamento pessoal frente às eleições. A princípio, não gostei de ver os dois partidos que chegaram à reta final, visto que, ambos não me representam. Posteriormente falarei sobre o aparelhamento do Estado a nível nacional e o aparelhamento do Estado a nível estadual e municipal, porque estes tipos de aparelhamento respondem diretamente pela polarização política do País pelos dois partidos em questão.

Confesso que no 1° turno votei em Marina Silva, que não conseguiu ir ao 2° turno. Por ser uma candidata evangélica e por suas propostas, era a pessoa que até então se enquadrava melhor no meu perfil como eleitor com minhas ideias de Brasil. Porém, veio o 2° turno com dois candidatos que, confesso, não me representam. Fiz a minha opção e votei.

Não era o que eu queria, mas aí está, e temos que respeitar o resultado das urnas.

Omiti-me durante esses dias por perplexidade, ao ver a baixeza que o assunto tomou até mesmo entre os evangélicos, muitos comentários maldosos de ambas as partes, a ponto de, um cristão xingar outro cristão com palavras de baixo calão. A esses cristãos, seria melhor que eles lessem Efésios 4.29 e se arrependessem dos seus pecados. Da mesma forma, contemplei muitos cristãos xingando uns aos outros de “burros”, isso porque, votou nesse ou naquele candidato. A esses cristãos peço que leiam e meditem muito em Mateus 5.22.

Disse Jesus: “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem, para que sejais filhos do Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos”. (Mateus 5.43-45)

Tiago diz: “Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus”. (Tiago 1.20)

Muito se falou sobre a divisão do País, mas nós devemos seguir juntos e orar pela nossa nação.

Com certeza, Satanás é o maior interessado em dividir e destruir o nosso querido Brasil. Sigamos unidos mesmo com opiniões divergentes.

“Amemos a todos os brasileiros, de todos os rincões deste País”.

No próximo capítulo vamos falar sobre a laicidade do Estado.

Graça e Paz!

Pr. Afonso  

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OS PARADIGMAS DE LOUVOR SEGUNDO LUTERO (PARTE 5)

10/23/2014

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MÚSICA COMO O CANTO DOS SACERDOTES REAIS
Lutero entendeu o canto congregacional como conseqüência lógica do
sacerdócio real de todos os crentes. No Antigo Testamento o sacerdócio de
todos os crentes já havia sido estabelecido por Deus: “Agora, pois, se
diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então,
sereis minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a
terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas
as palavras que falarás aos filhos de Israel”. No Novo Testamento este
ensino recebe confirmação clássica: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio
real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de
proclamardes as virtudes daqueles que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz”. Para Lutero, esta doutrina deveria ser expressa na
vida cristã incluindo o culto e a música como louvor e proclamação.
Era especialmente em relação aos abusos da celebração da Missa e ao
conseqüente mal entendido sacerdócio na Igreja Romana que Lutero
enfatizava o assunto. No seu escrito “O Cativeiro Babilônico da Igreja”
Lutero deixa claro: “Esteja, pois, certo e reconheça qualquer um que se
considere cristão: todos somos igualmente sacerdotes, isto é, temos o mesmo
poder na Palavra e em qualquer sacramento”. Sobre 1 Pedro 2.2,5, Lutero
afirma: “Pois as palavras de Pedro aplicam-se a todos os cristãos de quaisquer
sacerdócio”. E em “Um Sermão a Respeito do Novo Testamento, Isto É,
a Respeito da Santa Missa”, ele escreve:
Pois todos aqueles que têm a fé de que Cristo é um sacerdote em
favor deles diante de Deus, no céu, deitando sobre ele, apresentando
por intermédio dele sua oração, louvor, necessidade e a si mesmos,

não duvidando que ele o faça e que se ofereça a si mesmo como
sacrifício por eles... Todos estes, onde quer que estejam, são
verdadeiros sacerdotes e celebram em verdade corretamente a
missa, obtendo com ela também o que buscam. Pois a fé tudo deve
fazer. Somente ela é o mistério sacerdotal verdadeiro e não permite
que ninguém mais o seja. Por isso todos os homens cristãos são
sacerdotes e todas as mulheres são sacerdotisas, sejam jovens ou
velhos, senhor ou servo, senhora ou serva, douto ou leigo. Aqui não
há diferença, a não ser que a fé seja diversa.
A visão do “sacerdócio real” de todos os crentes tem implicações claras
no culto. Os crentes não só estão presentes no culto, mas também têm uma
participação ativa na ação litúrgica. Em seu sermão da dedicação da Igreja
de Torgau em 1544 Lutero disse que a assembléia reunida dos sacerdotes
reais é o foco da palavra pregada, do louvor e da oração.
Vocês [assembléia reunida], também, devem segurar o aspersório
e o incensório, de modo que o propósito desta nova casa possa ser
tal que nada mais possa jamais acontecer nela exceto que nosso
próprio querido Senhor possa falar a nós através de sua santa palavra
e nós lho respondamos através de oração e louvor.
Pois quando eu prego, quando nós nos reunimos como uma
congregação, isto não é minha palavra ou meu fazer; mas é feito
em favor de todos vocês e em favor de toda a igreja ... Assim
também todos eles oram e cantam e dão graças em conjunto; aqui
não há nada que alguém tenha ou faça por si mesmo somente; mas
o que cada um tem também pertence ao outro.
Esta compreensão que coloca a congregação no centro da ação musical
e litúrgica enfatizou o canto congregacional, o coral, característica do canto
congregacional da Reforma. Todos são encorajados a participar do louvor
comum. “Ele quer ouvir as multidões e não você e eu sozinho ou um simples
fariseu isolado. Por isso cante com a congregação e você cantará bem.
Mesmo que seu cantar não seja melodioso, ele será absorvido pela multidão.
Mas se você cantar sozinho, você terá suas críticas”. Schalk pondera:
“Pois toda a música do culto, fosse ela cantada pela congregação, coro ou
ministros ou tocada por instrumentos, era na realidade e verdade o canto
dos sacerdotes reais confessando e proclamando ao mundo as boas novas
de Deus em Cristo.
As conseqüências do exercício do sacerdócio universal no tempo da Reforma
foram notáveis. A Escritura e a Liturgia foram dadas ao povo. As adaptações de
Lutero de cantos gregorianos para serem cantados pelo povo facilitaram o canto
congregacional. O coro da congregação foi considerado como parte da assembléia
reunida oferecendo com a congregação o louvor a Deus. Schalk conclui:
O culto não mais poderia ser visto como alguma coisa feita por
outros em benefício do povo. Culto era visto, antes, como o povo de
Deus, a assembléia dos sacerdotes reais, exercitando seu sacerdócio
comum em louvor, proclamação e oração não só em seu próprio
benefício, mas também em benefício de todo o mundo.
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OS PARADIGMAS DE LOUVOR SEGUNDO LUTERO (PARTE 4)

10/21/2014

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A MÚSICA COMO CANTO LITÚRGICO
Lutero tinha como princípio conservar as tradições da igreja, uma vez que
não conflitassem com os ensinamentos bíblicos. A música a ser utilizada deveria
servir aos propósitos da liturgia histórica. Num comentário sobre a Missa
Latina de 1523 ele afirma: “...nem agora nem jamais foi nossa intenção abolir
totalmente todo o culto a Deus, mas apenas purificar novamente esse que
está em uso, mas que está viciado pelos piores acréscimos, e mostrar o uso
evangélico”. A Igreja Luterana continuou neste princípio de Lutero afirmando
na Confissão de Augsburgo: “Nossas igrejas são acusadas falsamente de
abolirem a missa. Pois a missa é retida entre nós e celebrada com a máxima
reverência. Também são conservadas quase todas as costumeiras cerimônias.
Apenas são intercalados, aqui e acolá, entre os hinos latinos, hinos alemães,
adicionados para ensinar o povo”.
Uma tal atitude indica claramente a conversão da música que
tradicionalmente fazia parte da missa. “Que a velha prática continue. Que
a missa seja celebrada com vestimentas consagradas, com cantos e todas
as cerimônias usuais, em latim, reconhecendo o fato que estas são meras
questões externas que não põe em perigo as consciências dos homens”.
No escrito “Concernente à ordem de Culto Público” de 1523, Lutero afirma:
“Que os cânticos nas missas dominicais e Vésperas sejam mantidos; eles
são bastante bons e são tirados da Escritura”.95 Em relação à introdução
 “Formulário da Missa e da Comunhão para a Igreja de Wittenberg” (1523), Martinho Lutero;
obras selecionadas, 
das reformas em Leipzig, esta visão é retirada numa conversa entre Lutero
e Melanchthon, registrada nas “Conversas de Mesa” em 1539.
Em razão disso houve consultas sobre cerimônias, como a comunhão
deveria ser observada. . . . Então Filipe declarou que ele tinha ouvido
dizer por muitos que nossas cerimônias são arranjadas de tal maneira
que o povo pensa que nenhuma mudança tem sido feita em
comparação com o uso anterior ... Em razão disso Martinho Lutero
disse: “Seria bom manter a Liturgia completa com sua música,
omitindo somente o cânon”.
As missas de Lutero confirmam sua intenção de não abolir a música
tradicional. A Missa Latina (Formula missae et Communionis pro Ecclecia
Vuittembergensi, 1523) é intencionada para ser mais formal com música
mais elaborada; é bastante conservadora. A Missa Alemã (Deutsche Messe,
1526) é mais modesta, com música também mais simples, mas pressupõe a
participação do coro. Ambos os ofícios provêem partes cantadas como as
leituras, as coletas, e os ordinários. Lutero pressupunha que a liturgia fosse
cantada, mesmo que fosse simples. Mas mesmo na Missa Alemã Lutero
não queria que a música fosse composta sem preocupação de qualidade.
Solicitou a ajuda dos Músicos Conrado Rupsch e João Walter para que o
assistissem na preparação da música da Missa Alemã.
Enfatiza-se muito que Lutero restaurou o canto congregacional. Mas é
preciso lembrar também que o canto congregacional na verdade é um reflexo
da insistência de Lutero de que o povo participasse ativamente do canto da
liturgia. É bem diferente do fato que se constata no protestantismo hoje,
verificando-se que muitas vezes os hinos têm pouca relação com o canto
da liturgia. Não foi acidental o fato que muitos hinos populares no período
do início da Reforma eram os relacionados ao ordinário da Missa (Kyrie,
Gloria, Credo, Sanctus e Agnus Dei). Schalk explica:
Assim, na visão de Lutero, quando luteranos do século XVI cantavam
seu hino do Credo (“Nós Cremos todos num só Deus”97), eles não
estavam cantando uma alternativa estéril e empobrecida, uma pobre
segunda escolha para o texto em prosa do Credo. Na verdade eles
estavam cantando o Credo com um texto e veículo musical adaptado
especialmente às necessidades do canto congregacional.
Quando se olha para a vasta hinódia do início do luteranismo pode-se
verificar seu estreito relacionamento com a liturgia. Sejam os hinos de Lutero
relacionados com os ordinários da missa, bem como hinos de outros autores

relacionados com os próprios do Dia, hinos relacionados com o ano litúrgico,
hinos compostos para as Matinas e Vésperas, e os hinos relacionados com
a prática luterana chamada hinos de tempore (o Hino do Dia). Todos estes
hinos são veículos para capacitar a congregação a participar da liturgia
histórica, mas agora de forma a tornar possível a participação de todos.
Lutero não pensava em utilizar seus hinos apenas para uma participação no
culto de um modo geral. Os hinos estavam inseridos dentro da Liturgia
Católica tradicional da Igreja Ocidental, uma tradição que ele queria continuar
a afirmar. No artigo 24 da Confissão de Augsburgo é confirmado que a
liturgia histórica “é retida entre nós e celebrada com a máxima reverência.
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OS PARADIGMAS DE LOUVOR SEGUNDO LUTERO (PARTE 3)

10/19/2014

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MÚSICA COMO PROCLAMAÇÃO E LOUVOR
Lutero via, antes de tudo, a música como um dom de Deus. Mas este
dom não tinha um fim em si mesmo. Ele deveria servir para o louvor e a
glória do criador, de modo especial para a proclamação de sua Palavra.
Portanto, para Lutero a música tinha um fim doxológico: louvar a Deus, o
Criador, do qual todas as coisas provêm, e proclamar a redenção da
humanidade através da obra expiatória de Jesus Cristo.
Falando da propriedade em unir texto e música para a glória de Deus,
Lutero afirma:
Assim não era sem razão que os pais e os profetas não queriam nada mais
a ser associado mais estritamente com a palavra de Deus do que a música.
Por isso, temos tantos hinos e Salmos onde a mensagem e a música [Sermo
et vox] juntam-se para mover a alma do ouvinte ... Afinal o dom da
linguagem combinada com o dom do canto somente foi dado ao homem
para deixá-lo saber que ele deveria louvar a Deus não só com palavras,
mas também com música, a saber, pela proclamação [da palavra de Deus]
através da música e pelo providenciar de doces melodias com palavras.
Em sua carta a Ludovico Senfel, Lutero enfatiza o ponto de vista de que
a música é singular entre as artes para a proclamação do evangelho.
Esta é a razão por que os profetas não fizeram uso de uma arte
exceto música; quando expuseram sua teologia eles não a fizeram
como geometria, nem como aritmética, nem como astronomia, mas
como música, de maneira que eles seguraram teologia e música o
mais firmemente conectados, e proclamaram a verdade através de
Salmos e canções.
Lutero achava que a palavra, pregada poderosamente pelos apóstolos,
continua a ser “pregada” de diversas maneiras, incluindo a música. “[O
evangelho] tem sido pregado rica e claramente; ele foi enfatizado
magistralmente e poderosamente pelos apóstolos: agora é anunciado em
toda parte pela palavra da boca e com a pena; ele é escrito, cantado, pintado,
etc.”. As artes enfatizam a veracidade da palavra: “A palavra de Deus é
apresentada tão poderosa, lúcida e claramente na pregação, no canto, na
fala, na escrita e na pintura que eles [reis príncipes e senhores nas terras
germânicas] têm que reconhecer que ela é a verdadeira palavra de Deus”.
Josquim, um dos compositores favoritos de Lutero, serve como meio de
proclamação do evangelho: “Deus tem pregado o evangelho através da
música também, com pode ser visto em Josquin, de quem todas as
composições fluem livremente, tranqüilamente e alegremente, não são
forçadas ou limitadas por regras e são quais o canto do tentilhão”.
Em seu ”Tratado das Boas Obras” (1520), Lutero acha que “depois da fé não
podemos fazer obra maior do que louvar, pregar, cantar e sobre todos os aspectos
enaltecer e magnificar a glória honra e nome de Deus”. No comentário sobre o
Salmo 147, Lutero sumariza: “Deus não exige grandes sacrifícios ou preciosos
tesouros de grande valor para sua bênção. Não, ele solicita a obra mais fácil de
todas, a saber, cantar e louvar”. E em suas “preleções sobre Isaías, Capítulos
40-60”, ele diz que o culto do Novo Testamento “não é nada mais que canto,
louvor e agradecimento. Esta é uma canção singular. Deus não se preocupa por
nossos sacrifícios e obras. Ele está satisfeito com o sacrifício de louvor”.
Lutero adverte sobre a importância do conteúdo: “A ninguém tenho sobre
quem cantar e entoar senão somente a Cristo, em quem tenho tudo. 
Somente eu proclamo, nele somente me glorio, por que ele se tornou minha
Salvação, isto é, minha vitória”.86 O canto cristão não se caracteriza por
ênfase em virtudes humanas mas tão-somente na graça de Deus revelada
em Cristo. “Eles [os justificados] louvam somente a graça, as obras, as
palavras e o poder de Deus como lhes são revelados em Cristo. Este é seu
sermão e canto, seu hino de louvor”.
Não é possível ficar quieto diante da graça de Deus; a proclamação
através do canto faz parte da vida cristã.
Pois Deus alegrou nosso coração e ânimo por meio do seu Filho
amado, o qual ele nos deu para a redenção de pecados, morte e
diabo. Quem nisso crer seriamente, não pode deixar de ficar contente
e decantá-lo e anunciá-lo com vontade, que também outros o ouçam
e se acheguem. Mas quem não quer decantá-lo e anunciá-lo, isto é
sinal de que não o crê e não faz parte do novo e alegre testamento,
mas do antigo, preguiçoso e indisposto testamento.
Concluindo seu comentário sobre 1 Coríntios 15, Lutero enfatiza o
imperativo para os cristãos cantarem sua fé:
E agora São Paulo apropriadamente conclui com uma canção que
ele canta: “Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de
nosso Senhor Jesus Cristo”. Nós podemos nos juntar a esta canção
e desta maneira sempre celebrar a Páscoa, louvando e exaltando
Deus pela vitória que não foi conquistada ou adquirida em batalha
por nós ... mas nos foi presenteada e dada pela graça de Deus ...
Precisamos guardar isto em nosso coração em fé firme e confirmarmos
nisto e sempre ser absorvidos em tal mensagem de
agradecimento e cantar desta vitória de Cristo.
Lutero não se preocupava em fazer diferença entre “cantar e dizer”;
ambos são resultados de uma canção alegre no coração dos redimidos,
como ilustra o seu hino de Natal:
Dos altos céus eu venho,
trago-vos boa novidade,
tanta novidade trago,
dela quero falar e cantar.
A respeito da visão de Lutero sobre o paradigma da música como
proclamação e louvor, Schalk conclui:

Música como louvor e proclamação doxológicas era um segundo
poderoso paradigma no pensamento de Lutero sobre a música na
vida do povo de Deus. Era num sentido, um segundo passo lógico
do entendimento da música como criação de Deus e boa dádiva de
Deus ao povo. Em contraste com alguns outros reformadores, que
viam a música como potencialmente sempre problemática e em
necessidade de cuidadoso controle e direção, Lutero, na liberdade
do evangelho, podia exultar neste dom de Deus, regozijando em seu
[da música] poder de louvar seu criador e gloriar-se em sua [da
música] habilidade de tocar o coração e mente do povo enquanto proclamava o Evangelho.
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PARADIGMAS DE LOUVOR SEGUNDO LUTERO (PARTE 2)

10/18/2014

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MÚSICA COMO CRIAÇÃO E DOM DE DEUS
Desde os tempos da igreja antiga e através da igreja medieval
prevaleceram dois paradigmas para o papel da música na vida da igreja.
Shalk resume:

... música como instrutora e música como guardiã da moralidade. O
primeiro refletia a necessidade contínua da igreja por doutrinação,
não só pela necessidade de edificação dos fiéis mas também diante
dos pontos de vista heréticos de fora e apostasia de dentro. O
segundo refletia a influência e importância contínuas do pensamento
de tais filósofos como Platão, Aristóteles e Boethius moldando a
atitude da igreja para com a música.
Já antes do quarto século, São Basílio, refletindo o primeiro destes paradigmas,
dizia em sua Homilia no Salmo Primeiro: “Oh, sábia invenção do mestre que
planejava como poderíamos ao mesmo tempo cantar e aprender coisas
benéficas”. Basílio ainda diz que o Espírito Santo “mesclou o prazer da melodia
com doutrinas a fim de que através da agradabilidade e suavidade do som
possamos inconscientemente receber o que era proveitoso nas palavras.”
Por outro lado, Basílio também se preocupou com os perigos da música
dizendo que “os cristãos não sejam arrastados pelo prazer da melodia às paixões
da carne.” Nas suas Confissões, Agostinho disse: “As diferentes afeições de
nosso espírito têm suas próprias disposições de ânimo correspondentes à sua
variedade na voz e canto e por alguma associação secreta elas podem ser
instigadas." Por isso advertiu sobre o perigo da música associada ao texto:
“Cada vez que acontece comigo de ser mais movido com a voz do que com o
poema, confesso a mim mesmo que tenho ofendido gravemente; neste momento
eu desejaria de preferência não ter ouvido a música.”
No século XVI Calvino seguiu os passos de Agostinho e advertiu a
respeito da música como guardiã e moldadora da moralidade:
Dificilmente há no mundo alguma coisa com mais poder de mudar ou
submeter, dessa maneira, a moralidade dos homens ... Ela tem um
poder secreto de mover nossos corações de uma maneira ou outra.
Portanto temos que ser mais diligentes em regulamentá-la de tal maneira
que ela possa ser proveitosa a nós e de nenhuma maneira perniciosa.
Lutero não via grande perigo em se utilizar melodias para os textos
sacros. No “Prefácio ao Hinário Wittenberguense de 1524” ele escreve:
No meu entender, nenhum cristão ignora que o canto de hinos sacros seja
bom e agradável a Deus, uma vez que todo mundo tem não apenas o
exemplo dos profetas e reis no Antigo Testamento (que louvaram a Deus

cantando e tocando, com versos e toda a espécie de música de corda), mas
este costume, particularmente no tocante aos salmos, é conhecido da
cristandade em geral desde o começo. O próprio S. Paulo o institui em 1Co
14[.26] e ordena aos colossenses que cantem com vontade ao Senhor hinos
sacros e salmos, para que desta maneira a Palavra de Deus e a doutrina
cristã sejam propagadas e exercitadas das mais diversas maneiras.
Lutero enfatiza que os hinos
foram arranjados a quatro vozes por nenhuma outra razão senão o
meu desejo de que a juventude, a qual afinal de contas deve e precisa
ser educada na música e em outras artes dignas, tenha algo com
que se livre das canções de amor e dos cantos carnais para, em
lugar destes, aprender algo sadio, de modo que o bem seja assimilado
com vontade pelos jovens, como lhes compete.
Para Lutero, o mais importante concernente à música para a vida e
culto do povo de Deus era música como criação e dom de Deus. Discorda
dos entusiastas que condenam e até destroem arte sacra de qualquer tipo.
No prefácio do mesmo hinário ele ainda escreve:
Também não sou da opinião de que, pelo Evangelho, todas as artes
devam ser massacradas e desaparecer, como pretendem alguns
pseudo-espirituais. Na verdade, eu gostaria que todas as artes,
particularmente a música, estivessem a serviço daquele que as
concedeu e criou. Por isso eu peço que todo cristão de valor
receba isto de bom grado e ajude a promovê-lo, caso Deus lho
tenha concedido igualmente ou até mais.
No seu escrito Symphoniae iucundae, dirigido a Jorge Rhau, Lutero diz:
Eu certamente gostaria de exaltar a música de todo o meu coração
como o dom excelente de Deus que é e recomendá-la a todos...
E você, meu jovem amigo, deixe que esta nobre, salutar e alegre criação
de Deus seja recomendada a você ... Ao mesmo tempo você passa por
habituar-se a reconhecer e louvar o Criador.
Em seu “Tratado nas Últimas Palavras de Davi” (1543), Lutero observa
que esta “maravilhosa criação e dom de Deus” ajuda consideravelmente a
entender e proclamar o Messias, além do mero ler e falar.
O livro dos Salmos é uma doce e agradável canção porque ele
canta e proclama o Messias mesmo quando uma pessoa não canta

as notas mas meramente recita e pronuncia as palavras. Contudo a
música, ou as notas, que são uma maravilhosa criação e dom de
Deus, ajudam consideravelmente nisto, especialmente quando o povo
canta junto e participa reverentemente.
Nas suas “Conversas de Mesa” Lutero enfatiza a música como dom de
Deus que precisa ser ensinado à juventude em contraste como os fanáticos
que pensam diferentemente.
A música é um dom destacado de Deus o mais próximo da teologia.
Eu não gostaria de desistir do meu superficial conhecimento de
música nem por um grande motivo. E à juventude deveria ser
ensinada esta arte; pois ela faz pessoas excelentes e habilitadas.68
Não fico satisfeito com aquele que despreza a música, como todo
os fanáticos o fazem; a música é uma qualidade e dom de Deus,
não um dom dos homens ... Eu coloco a música após a teologia e
lhe dou o maior louvor. 
O dom da música também estimulava Lutero à pregação: “A música é
maior dom de Deus. Tantas vezes ela tem-me estimulado e incitado que eu
senti o desejo de pregar”.
Lutero cita Pitágoras para enfatizar a música como dom de Deus, pois ela
estaria inserida na “harmonia das esferas” estabelecida dentro da criação em
si. “Não nos maravilhamos diante dos outros dons incontáveis da criação por
que ficamos surdos àquilo que Pitágoras com aptidão denomina esta
maravilhosa e mais amável música vinda da harmonia do movimento que
existe nas esferas celestes”. A razão humana não vê a criação divina, mas
os cristãos, através do Espírito, vêem tudo como beneficio de Deus. “A razão
vê o mundo como extremamente perverso e por isso ela murmura. O Espírito
nada vê senão os benéficos de Deus no mundo e por isso começa a cantar”.
Schalk concluiu: “Os resultados práticos de uma tal visão eram, para Lutero,
perfeitamente óbvios. Quando a música é vista primeiramente como dom de
Deus, ela é estabelecida como a mais próxima da teologia, e isto dá à igreja a
liberdade de usar toda a música sem medo”.Lutero complementa: “Quando
o ensino [musical] e música artística que corrige, desenvolve e refina a música
natural é acrescentado a tudo isso, então finalmente é possível experimentar
com admiração (ainda que não compreendendo) a visão absoluta e perfeita
de Deus em seu maravilhoso trabalho de música.
Podemos destacar que Lutero tem uma visão ampla sobre a música
adequada para a igreja. Desde o tempo do canto gregoriano até a reforma
desenvolveu-se uma música sofisticada da qual o povo não tinha condições
de participar. A tradição calvinista expurgou da igreja esta música sofisticada
e permitiu apenas o canto de salmos metrificados a capela. Lutero, no entanto,
procurou deixar uma forma diversificada de música. O canto congregacional
era para o povo participar; e o canto polifônico para o povo ouvir.
Em 1538 Lutero escreveu o “Prefácio a Todos os Bons Hinários” para
o texto de João Walter “Louvor e Exaltação da Louvável Arte da Música”.
Este texto também foi publicado no hinário de Klug, em 1543. É um louvor
à “Dona Música”, onde Lutero exprime seu apreço à música, fundamentado
na doutrina da justificação. Eis o texto:
Dona Música.
Dentre todos os prazeres sobre a terra
não há maior que seja dada a alguém
do que aquela que eu proporciono com meu canto
e com certas doces sonoridades.
Não pode haver má intenção
onde houver companheiros cantando bem,
ali não fica zanga, briga, ódio nem inveja,
toda mágoa tem que ceder,
mesquinhez, preocupação e o que mais atribular
se vai com todas as tristezas.
Além disso, cada qual tem o direito
desse prazer não ser pecado,
mas, ao invés, agrada a Deus muito mais
do que todos os prazeres do mundo inteiro.
Ela destrói a obra do diabo
e impede que muitos malvados matem.
Isto demonstra o ato do rei Davi
que muitas vezes, com doce toque da harpa,
impediu que Saul praticasse grande matança.
Para a palavra e verdade divina
ela silencia e prepara o coração.
Isto Eliseu declarou,
ao encontrar o espírito pela execução da harpa.
A melhor época do ano é para mim
quando cantam todos os passarinhos,
enchendo os céus e a terra
com canto agradável e abundante.
Puxa a frente o rouxinol querido
alegrando tudo em toda parte

com seu canto maravilhoso;
por isso, devemos ser-lhe sempre agradecidos
mais ainda ao amado Deus Senhor
que assim a criou
de modo a ser uma grande cantora
maestrina da música.
Para ele ela canta e dança noite e dia;
ela por nada se cansa do seu louvor,
e ele glorifica e louva também o meu canto
e lhe expressa um agradecimento eterno.75
Schalk conclui:
Ao enfatizar a música como criação de Deus, não do povo, e como dom
de Deus ao povo para usar em seu louvor e adoração, Lutero fixou o
palco para a liberdade dos compositores, congregações, coros e
instrumentistas desenvolveram seus talentos e habilidades ao mais alto
grau possível. A música que se desenvolveu na tradição luterana é um
eloqüente testemunho de que a igreja, junto com seus músicos, achou o
paradigma de Lutero, da música como criação e dom de Deus, ser um
elemento construtivo preeminente no desenvolvimento de uma rica cultura
musical na qual se possa viver, trabalhar, tocar música e louvar seu Deus.
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PARADIGMAS DE LOUVOR SEGUNDO LUTERO (PARTE 1)

10/17/2014

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Nos escritos de Lutero há certos paradigmas de louvor aos quais ele
volta constantemente. Em si não há nada de novo nestes paradigmas, pois
eles podem ser achados no transcorrer da história do louvor antes de Lutero.
No entanto, alguns paradigmas às vezes foram obscurecidos ou distorcidos.
Na opinião de Schalk:
A contribuição de Lutero foi focalizar um grupo de paradigmas e
elevá-los a uma posição de importância decisiva. Em fazendo assim
ele iniciou um movimento que iria transformar o caminho como a
igreja entendia e praticava a arte da música em sua vida e culto.
Para Lutero havia cinco discernimentos principais, cinco “paradigmas
de louvor”: (1) música como criação e dom de Deus; (2) música
como proclamação e louvor; (3) música como canto litúrgico; (4)
música como o canto dos sacerdotes reais e (5) música como um
sinal de continuidade de toda a igreja.
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OS PARADIGMAS DE LUTERO PARA A MÚSICA SACRA (PARTE FINAL)

10/15/2014

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O TREINAMENTO MUSICAL DE PASTORES E PROFESSORES
Lutero achava que pastores e professores precisariam saber música:
“A necessidade exige que a música seja mantida nas escolas. Um mestre-escola
precisa saber cantar; de outra maneira nem olho para ele. E antes
que um jovem seja ordenado ao ministério, ele deve praticar música na
escola”. Lutero zombava daqueles que “queriam ser teólogos embora
não possam nem mesmo cantar”. Mas ele tinha em alta consideração
aqueles que ensinavam os jovens a cantar e a praticar a palavra de Deus.
“Quando o mestre-escola é temente a Deus e ensina os meninos a
entenderem a palavra de Deus e a verdadeira fé, a cantar e praticá-la, e os
exercita na disciplina cristã, ali as escolas são, como dito acima, concílios
jovens e eternos, que certamente trazem mais proveito do que muitos outros
concílios grandes”.
O conhecimento e envolvimento de Lutero com a música refletem seu
entendimento da música como uma arte prática que tinha grande potencial

na vida e no culto de cada cristão. Schalk resume o trabalho de Lutero com
a música da seguinte maneira:
Quer fosse sua participação pessoal em várias atividades em fazer música,
seu conhecimento pessoal com a música e muitos músicos
de seu tempo, sua insistência de que a música sacra e seus músicos
fossem mantidos adequadamente, seu próprio envolvimento na
preparação da música para a liturgia, sua arte de escrever hinos e
inexperientes esforços na composição polifônica, sua ênfase na
importância da educação musical, quer sua exigência que pastores
e professores fossem adequadamente preparados e exercitados na
música, ele havia ido muito além de ver a música como uma ciência
especulativa. Para Lutero a música era uma arte que alguém
praticava e executava, que deleitava a alma e trazia vida à palavra
do evangelho. Para Lutero, música era sempre a viva vox evangelii,
a viva voz do evangelho, um dom de Deus para ser usado em sua
plenitude em louvor e oração cristãos.
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OS PARADIGMAS DE LUTERO PARA A MÚSICA SACRA (PARTE 10)

10/13/2014

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OS PARADIGMAS DE LUTERO PARA A MÚSICA SACRA (PARTE 10)

A EDUCAÇÃO MUSICAL DE CRIANÇAS NAS ESCOLAS
Lutero tinha em alta consideração a educação de crianças. No seu escrito
“Aos Conselhos de Todas as Cidades da Alemanha para que Criem e
Mantenham Escolas Cristãs” (1524), Lutero enfatizou, “Falo por mim
mesmo: se eu tivesse filhos e tivesse condições, não deveriam aprender
apenas as línguas e história, mas também deviam aprender a cantar e estudar
Música com toda a Matemática.” Alguns anos mais tarde, quando Lutero
enviou seu próprio filho à escola, ele escreveu a Marcus Crodel:
Estou enviando meu filho João a você a fim de que você possa juntá-lo
aos meninos que devem ser treinados na gramática e música... E
diga a João Walter que eu oro pelo seu bem-estar, e que eu confio
meu filho a ele para aprender música. Por que eu, é evidente, crio
teólogos, mas eu gostaria também de criar gramáticos e músicos.
Lutero deu instruções práticas de como aplicar a música nas escolas
através da participação das crianças no culto, o que serviria de ensino para
mostrar ao povo comum seu papel no culto:
Portanto, o que, quando e como os alunos cantam ou oram na Igreja,
assim também o aprende todo o povo posteriormente, e o que cantam no
velório junto ao túmulo, assim também o aprendem os demais. Quando
se ajoelham e juntam as mãos para a oração, quando o professor bate
com a vara enquanto cantam: “Et homo factus est”, o povo imita.
Em outro escrito Lutero dá sugestões para os jovens cantarem a litania
na missa ou nas vésperas após o sermão, para dar-lhes algo útil em lugar de
procissões e invocações aos santos: “Isso, no entanto, poderia trazer algum
resultado se durante as missas, vésperas ou depois da prédica se deixasse
em especial a juventude cantar ou ler a litania.”
Na “Exortação à Oração Contra os Turcos” dá outras sugestões
detalhadas de participação dos meninos nos cultos. Sugere que após a prédica
se cantasse, responsivamente, com o coro o salmo 79.
Depois disso, que um menino de voz bem afinada se apresente diante
do púlpito em seu coro e cante em solo a antífona ou súplica: Domine,
non secundum. Após o mesmo, um outro menino cante a outra
súplica: Domine, ne memineris. Em seguida, todo o coro cante de
joelhos: Adiuva nos, Deus, exatamente como se cantava durante a
Quaresma nos tempos do papado. Tudo isso soa e aparenta ser bastante
devoto, etc. E o texto combina bem com o assunto da resistência contra
os turcos, se for conduzido de coração nesse sentido.
Schalk considera:
Para Lutero, a música era uma parte indispensável para uma boa
educação não somente para seu próprio bem, mas também para o
papel que isto poderia desempenhar nas vidas dos jovens enquanto
participavam do culto comum; ele falava abertamente por ela e
promovia sua inclusão no currículo sempre que tinha oportunidade.
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OS PARADIGMAS DE LUTERO PARA A MÚSICA SACRA (PARTE 9)

10/7/2014

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O EMPENHO DE LUTERO COMO COMPOSITOR
Já mencionamos a habilidade de Lutero em escrever melodias de hinos.
Mas ele também tinha alguma habilidade em escrever música polifônica.
Lutero tinha um grande apreço pela passagem do Salmo 118.17: “Não
morrerei; antes viverei e contarei as obras do Senhor”. Ele havia escrito
este versículo com as notas do canto gregoriano na parede de seu quarto de

estudo em Coburgo. Pois parece que ele fez uma composição polifônica
deste versículo, sendo que a parte do tenor é uma versão levemente florida
do oitavo tom. Foi publicado um pequeno moteto com este texto em latim
(Non moriar sed vivam) com o nome de Lutero (1545) num drama chamado
Lazarus, por Joaquim Greff.38 Uma outra composição também pode ser
de Lutero: “Höre Gott mein Stimm’in meiner Klage”.
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OS PARADIGMAS DE LUTERO PARA A MÚSICA SACRA (PARTE 8)

10/6/2014

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ESCREVENDO HINOS E MÚSICA LITÚRGICA
Lutero tinha interesse na música como uma arte prática e ele mesmo
escreveu hinos, cânticos e até música polifônica. Tinha também sugestões
específicas a dar para cada tipo de música. Em carta a Jorge Espalatino29
Lutero pede ajuda para criar textos para cantos congregacionais:
[Nosso] plano é seguir o exemplo dos profetas e antigos pais da igreja e
compor salmos para o povo [no] vernáculo, isto é, canções espirituais, de
maneira que a Palavra de Deus possa estar entre o povo e também em
forma de música. Por isso estamos procurando poetas ... Mas eu gostaria

de evitar quaisquer novas palavras ou a linguagem usada nas cortes. A
fim de ser entendido pelo povo, somente as palavras mais simples e mais
comuns deveriam ser usadas para o canto; ao mesmo tempo, no entanto,
elas devem ser genuínas e apropriadas; e ademais, o sentido deve ser
claro e o quanto mais próximo possível do salmo. Você necessita uma
carta branca aqui: mantenha o sentido, mas não se apegue às palavras;
[antes] traduza-as com outras palavras apropriadas.
Schalk conclui sobre as afirmações de Lutero:
Em tais sugestões podemos ver a preocupação de Lutero que
canções populares no vernáculo para o povo sejam o resultado não
somente de um uso habilitado da linguagem, mas, também, uma
verdadeira arte poética cristã, para a qual a piedade somente não é
um equipamento suficiente.31
Lutero confirma esta idéia em sua “Instrução dos Visitadores aos
Párocos” (1528):
Nas grandes festas, como Natal, Páscoa, Ascensão, Pentecostes ou
semelhantes, seria bom usar na missa alguns hinos latinos que estejam
de acordo com a Escritura. Pois é uma monstruosidade cantar sempre
a mesma coisa. Embora exista o desejo de compor hinos alemães,
que não o faça qualquer um, sem ter o dom para isso.32
O próprio Lutero também escreveu hinos originais, revisou textos antigos,
usou melodias existentes e até compôs melodias originais. Admite-se que
pelo menos três melodias de hinos sejam de sua autoria: Wir glauben all
an einem Gott, Ein feste Burg, Isaiah dem Propheten das geschah.33
Levando em conta a formação da época e suas habilidades particulares na
música, até seria estranho se ele não tivesse dado expressão musical aos
seus próprios textos.34
A experiência musical de Lutero ajudou-o na organização da Missa Alemã.
Ao se preparar para tanto, modestamente disse: “Não estou qualificado
para esta tarefa, que requer tanto um talento na música quanto o dom do
Espírito”.35 Suas idéias mais específicas sobre a relação entre canto e
palavras estão expressas em “Contra os Profetas Celestiais na questão de
Imagens e Sacramentos” (1525), no qual escreveu:

Gostaria hoje de ter uma Missa Alemã. Também estou ocupado
com ela. Mas eu gostaria muito de ter um verdadeiro caráter alemão.
Pois para traduzir o texto latino e manter o tom ou notas latinas tem
a minha sanção, embora não soe polido ou bem feito. Tanto o texto
e as notas, acento, melodia, como a maneira de execução deve
originar-se da verdadeira língua materna e suas inflexões, de outra
maneira tudo torna-se uma imitação, à maneira de macacos.36
Lutero convidou os músicos João Walter e Conrado Rupsch de Torgau
para assisti-lo na música para a Missa Alemã. João Walter fala da sua
visita a Lutero, conforme editada na Syntagma musicum (1615-1620) de
Michael Praetorius:
... Naquele momento ele discutiu conosco os cantos gregorianos e a
natureza dos oito modos, e finalmente ele próprio aplicou o modo oitavo
à Epístola e o sexto modo ao Evangelho, dizendo: “Cristo é um rei
Senhor, e suas palavras são doces; portanto queremos tomar o sexto
modo para o Evangelho; e por que Paulo é um apóstolo sério queremos
arranjar o oitavo modo para a Epístola”. O Próprio Lutero escreveu a
música para as leituras e para as palavras da instituição do verdadeiro
corpo e verdadeiro sangue de Cristo, cantou-as para mim e queria
ouvir minha opinião sobre isto... E a gente vê, ouve e entende
imediatamente como o Espírito Santo tem sido ativo não somente nos
autores que compuseram os hinos latinos e os fixaram em música, mas
no próprio Senhor Lutero, que agora forjou a maior parte da poesia e
melodia dos cantos alemães. E pode ser notado do Sanctus alemão
como ele arranjou todas as notas ao texto com o acento e concento
corretos em forma magistral. Eu, naquela vez, fui tentado a perguntar
Sua Reverência de onde ele tinha aquelas peças e seu conhecimento;
do que o estimado homem riu da minha simplicidade. Ele disse-me que
o poeta Virgilio lhe ensinara tal coisa, ele, que é capaz de, dessa maneira
artística, ajustar sua métrica e palavras à história que ele está narrando.
Toda música deve ser arranjada de tal maneira que suas notas estejam
em harmonia com o texto.
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