O voto é uma promessa feita por uma pessoa com a finalidade de obter algum favor divino, e, pago posteriormente, ou seja, é uma tentativa de "barganhar" com Deus, um sacrifício em troca de um benefício divino.
O que se promete?
Dar dinheiro a um instituição de caridade, a uma instituição religiosa, doar cestas básicas, roupas, etc.., (sacrifício financeiro ). Não quero dizer que não se deve contribuir financeiramente desta forma,para com as instituições, Igrejas onde congregamos, ou pessoas necessitadas, mas que devemos fazer isso por amor, e, não por interesse. Afinal, temos como oferecer algo a Deus que não seja dEle primeiramente? Jó 41.11 diz:"Quem primeiro me deu, para que Eu haja de retribuir-lhe? Pois o que está debaixo de todos os céus é meu". Ou Salmo 24.1: "Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam".
Outros tipos de votos, são os chamados "sacrifícios espirituais": Ler a Bíblia diariamente, acordar de madrugada para orar, sair pregando pelo mundo, etc..
Há ainda outros, muito bizarros, chamados "sacrifícios físicos": Subir escadas de joelhos, ir a algum lugar considerado "sagrado", ficar sem depilar por anos (no caso de mulheres), ou não cortar a barba e ou os cabelos por longos períodos (no caso de homens).
As motivações para os votos são muitas (casa própria, empresa, carro novo, emprego bom, ter filhos, ver um familiar largar das drogas, etc.,).
Vamos mostrar os argumentos dos que defendem os votos e refletir neles para chegarmos à uma conclusão bíblica. Julgue por si mesmo, se o voto é coerente com o evangelho ou não:
Jefté, Jacó e Ana realizaram votos a Deus, logo, podemos (e alguns dizem que devemos) seguir esses exemplos.
Jefté (Juízes 11) Conduziu os israelitas na vitória sobre os filhos de Amom. Fez um voto inconsequente e irresponsável: "Aquilo que, saindo da porta de minha casa, me sair ao encontro, voltando eu dos filhos de Amom em paz, isso será do Senhor, e o oferecerei em holocausto. Vindo, pois, Jefté a Mispa, a sua casa, eis que a sua filha lhe saiu ao encontro com adufes e com danças; e ela era só, a única; não tinha outro filho nem filha" (Juízes 11.32-33).
Note que o holocausto realizado por Jefté, foi recusado por Deus em Isaque.
Jacó: Gênesis 28.20-22 prometeu dar os dízimos. Podemos considerar que foi uma profecia, que foi cumprida posteriormente por todo o Israel, mas Deus não pediu isso a Jacó, pois independentemente do seu voto Deus já havia dito que lhe abençoaria.
Ana: Fez um voto a Deus, sendo ela estéril, caso tivesse um filho, ele seria dedicado ao Senhor, seria entregue no templo e seus cabelos e barba não seriam cortados.
O que dizer desses casos?
Primeiro: Foram manifestações individuais e exclusivamente humanas. Deus não os instruiu a votar, nem condicionou suas conquistas aos votos que fizeram.
Segundo: A relação de Deus com Israel baseava-se na obediência e cumprimento de obrigações para, que Deus lhes concedesse benefícios.
Esse tipo de relação findou-se com o sacrifício de Cristo na Cruz, pelos méritos de Cristo, independentemente de nossos méritos ou atos e sim, do que Cristo fez por nós na Cruz e tudo o que recebemos é pela Graça (favor imerecido).
Portanto, esses exemplos no contexto israelita não serve para nós que somos a Igreja de Deus.
Eclesiastes 5 "ensina que quando fizermos um voto, devemos cumpri-lo". Tudo o que está neste capítulo e Livro se aplica a todos os homens em todas as épocas?
1 Coríntios 6.19 diz que não somos de nós mesmos. Hebreus 8.2-3 afirma que temos um Ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que constituiu um sacrifício perfeito. O sacrifício definitivo foi oferecido por Cristo na Cruz (Hebreus 10.12).
Não há nada que o homem possa fazer para mover as mãos de Deus a seu favor. Agostinho disse: Crê neste (Cristo), e tudo está feito.
O ponto central do cristianismo é este: "O Verbo se fez carne" (João 1.14), sem isto, não haveria cristianismo e estaríamos mortos nos nossos pecados.
Você pode dizer: Fiz voto e recebi, contra fatos não há argumentos.
Pode ter feito, e pode ter recebido, mas muitas pessoas que receberam o mesmo que você apenas clamando pela misericórdia de Deus. Então eu te pergunto: Você recebeu pela Graça ou pelo voto.
Deus nunca pediu votos aos seus servos.
É prepotência achar que podemos mover a mão de Deus a nosso favor.
Devemos pedir perdão a Deus por nossa ignorância e crermos que estamos perdoados pois o Sangue de Cristo nos purifica de todo pecado (1 João 1.7).
Deus não cobrará de você algo que Ele não exigiu.
A revelação plena de Deus aos homens é Cristo (Mateus capítulo 5).
Quanto à contribuição, veja este ensinamento do apóstolo Paulo em 2 Coríntios 9.7-15:
7 Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria.
8 E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda boa obra;
9 conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; a sua justiça permanece para sempre.
10 Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, e pão para comer, também dará e multiplicará a vossa sementeira, e aumentará os frutos da vossa justiça.
11 Enquanto em tudo enriqueceis para toda a liberalidade, a qual por nós reverte em ações de graças a Deus.
12 Porque a ministração deste serviço não só supre as necessidades dos santos, mas também transborda em muitas ações de graças a Deus;
13 visto como, na prova desta ministração, eles glorificam a Deus pela submissão que confessais quanto ao evangelho de Cristo, e pela liberalidade da vossa contribuição para eles, e para todos;
14 enquanto eles, pela oração por vós, demonstram o ardente afeto que vos têm, por causa da superabundante graça de Deus que há em vós.
15 Graças a Deus pelo seu dom inefável.
Graça e Paz!
Pr. Afonso Tavares
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