Pastor Afonso Responde!
  • Início
  • Textos
  • Curso Bíblicos
  • O que a Bíblia diz
  • Audios & Vídeos
  • Apoio
  • Mensagem do dia
  • Loja Virtual

A SEGUNDA IMAGEM "O MAL FUTURO OU O MAL A NOSSA FRENTE"

8/13/2014

0 Comments

 
Qualquer mal presente será bastante aliviado se voltares teu pensamento para os males futuros, que são tantos, tais e tão grandes que só a um deles é atribuído aquele grande e único dos principais sentimentos, chamado temor; de acordo com a definição de alguns, o temor é o sentimento do mal futuro, de sorte que também o apóstolo diz em Rm 11.20: "Não sejas soberbo, mas teme". E este mal é tanto maior quanto mais é incerto como será e em que medida, de maneira que se tornou comum o provérbio popular: "Não há idade imune à sarna", ainda que esta seja uma doença infantil, de crianças pequenas. A tal ponto ninguém está livre e a salvo dos males de qualquer outra pessoa, mas qualquer coisa que um sofre, o outro também pode sofrer. Isso vale para todos os acontecimentos históricos e tragédias de todos os tempos, os lamentos do mundo inteiro. Vale, de acordo com o que certas pessoas observaram, para as mais de 300 doenças que podem fazer sofrer o corpo humano. Se existem tantas doenças, de quantos outros males, achas, são atacados os bens, os amigos, por fim, a própria mente, que de todos os males é o objeto principal e o único receptáculo da tristeza e dos males?
A força e a percepção dos males aumenta quanto mais elevado e digno for o status no qual a miséria, a ignomínia e tudo quanto é coisa indigna poder ocorrer. E como também pode acontecer de repente, é necessário temê-las a toda hora, pois todas pendem de um tênue fio, como aquela espada que o tirano Dionísio suspendeu sobre a cabeça de seu convidado.
Se, porém, algum desses males não nos acontece, devemos considerar isso lucro e um grande consolo para o mal que nos ocorre, de sorte que, também neste caso, és obrigado a confessar com Jeremias: "É pela misericórdia do Senhor que não somos consumidos". (Lm 3.22) Pois se algum desses males não nos aconteceu foi por que a mão direita do Excelso o impediu, mão que nos protege de todos os lados com tanto poder (como ficou demonstrado em Jó) que Satanás e os males ficam indignados por terem sido impedidos. Daí vemos com quanta doçura devemos amar ao Senhor sempre que nos acontece algum mal, porque por este um mal o amantíssimo Pai nos adverte a vermos quantos males nos ameaçam e nos atacariam, não os estivesse Ele próprio obstaculizando. É como se dissesse: "Satanás e um batalhão de males te procura e quer passar-te numa peneira. Eu, porém, pus um limite ao mar e lhe disse: "Até aqui venham e se quebrem tuas ondas ameaçadoras", como Ele diz em Jó 38.11.
 E se acontecer que nenhum deles vier, se porventura Deus assim o quiser, com toda a certeza virá pelo menos aquele que é considerado de todos os horrores o pior, a morte, e nada é tão incerto como sua hora. Ela é um mal tão grande que vemos muita gente que preferiria viver com todos os males mencionados a, findos os males, morrer uma vez. E a esse um mal a Escritura pondo de lado todos os demais, associa o temor, dizendo: "Lembra-te de teu fim e jamais pecarás". (Eclo 7.40) Vê, quantas meditações, quantos livros, quantos métodos, quantos remédios foram ajuntados para, pela lembrança desse um único mal , afastar do pecado, tornar o mundo desprezível, aliviar sofrimentos e males e consolar os atribulados pela comparação de um mal tão horrível e grande, mas algum dia necessário. Ninguém há que não preferisse sujeitar-se a todos esses males se com isso lhe fosse dado fugir do mal da morte. A este temeram também os santos, a ele se sujeitou Cristo com pavoroso suor de sangue, de sorte que em nenhuma outra dificuldade a misericórdia divina cuidou de confortar os pusilânimes mais do que neste mal, como vemos abaixo.
Todos esses males, porém, são comuns a todas as pessoas, como são comuns também os benefícios para a salvação contidos nestes mesmos males. Além disso, os cristãos têm mais outra e particular razão para temer o mal futuro, uma razão que supera facilmente todos os males até aqui referidos. É a que o apóstolo Paulo esboça em 1 Co 10.12, dizendo: "Quem está de pé veja que não caia". O caminho é tão escorregadiço, o inimigo tão forte, armado com nossas próprias forças (isto é, com apoio da carne e de todas as más inclinações), cercado de um incontável exército do mundo, os deleites e volúpias à direita, as durezas e más vontades das pessoas à esquerda, além da arte na qual está magistralmente instruído para prejudicar, seduzir, arruinar de mil maneiras. Destarte vivemos de modo tal que nem por um momento sequer estamos seguros de nosso bom propósito. Em sua epístola "Da Mortalidade", Cipriano, lembrando muitas coisas dessa espécie, ensina que se deve desejar a morte como um socorro rápido para escapar de tais males. De fato, onde houver pessoas de bom coração, que tratam de modo digno esses infinitos perigos do inferno, vemo-las desprezar vida e morte (isto é, todos os males antes referidos) e optar pela morte, para que sejam libertadas, ao mesmo tempo, do mal dos pecados no qual se encontram, como dissemos na primeira imagem, e do mal no qual podem cair e do qual falamos agora. De fato, estas são duas razões muitíssimos justas não só para se desejar a morte, mas também para desprezar todos os males, e com muito mais razão ainda suportar um único mal com facilidade, se o Senhor conceder que alguém seja por eles comovido; pois é dádiva de Deus ser comovido por eles. Pois qual é o bom cristão que não desejaria até morrer, quanto mais adoecer, quando vê e sente que, enquanto vive são, está em pecado e pode continuamente cair em mais pecado, e cai todos os dias, e assim age, sem interrupção, contra a amabilíssima vontade de seu amabilíssimo Pai? Foi por este calor de indignação que esteve comovido também Paulo em Romanos 7, ao deplorar que não fazia o bem que desejava, mas o mal que não desejava, de modo que exclamou: "Infeliz ser humano que sou! Quem me libertará do corpo desta morte? Graças a Deus", diz ele, "por Jesus Cristo", etc. (Rm 7.24) Ama pouco a Deus seu Pai aquele que não prefere o mal da morte ao mal do pecado, porque ele ordenou a morte para que esse mal algum dia chegue ao fim e a morte esteja a serviço da vida e da justiça.


OBRAS SELECIONADAS DE LUTERO V2 CAP. 2 "O PROGRAMA DA REFORMA" PG 18-20   
0 Comments



Leave a Reply.

    Picture

    Archives

    June 2016
    May 2016
    April 2016
    March 2016
    February 2016
    January 2016
    December 2015
    November 2015
    October 2015
    September 2015
    August 2015
    July 2015
    June 2015
    May 2015
    April 2015
    March 2015
    February 2015
    January 2015
    December 2014
    November 2014
    October 2014
    September 2014
    August 2014
    July 2014
    June 2014
    May 2014
    March 2014
    February 2014
    January 2014
    December 2013
    November 2013
    October 2013
    September 2013
    June 2013
    May 2013

    Pastor Afonso

    Sou Pastor Evangélico ha mais de 20 anos, com formação em Teologia 

    Categories

    All

    RSS Feed

Powered by Create your own unique website with customizable templates.