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A PRIMEIRA IMAGEM "O BEM DENTRO DE NÓS"

8/21/2014

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CAPÍTULO 1

A PRIMEIRA IMAGEM “O BEM DENTRO DE NÓS”

Quem seria capaz de enumerar só os bens que cada qual possui em sua pessoa? Em primeiro lugar, Quão grandes são os dotes do corpo! A beleza, a força, a saúde, a vivacidade dos sentidos, acrescidos no homem do nobilíssimo sexo, que o torna idôneo para gerir muitos negócios particulares e públicos, bem como para executar feitos extraordinários, do que a mulher está excluída. Que há de grande nisso se, por 10, 20, 30 anos tivesses feito uso desses excelentes dons, com volúpia, como dom de Deus, e num desses anos tivesses, de vez em quando, um ou 10 dias de dificuldades? Os vagabundos têm um provérbio: “Trata-se de um mau momento”, e ainda: “Uma boa hora vale uma hora má”. Que devemos fazer nós que recebemos muitas horas boas e não queremos suportar sequer uma hora má? Vemos, portanto, com quantos bens de Deus somos cobertos e por quão poucos males mal somos atingidos, pelo menos a maioria de nós.

Não satisfeito, porém, com esses bens, o ótimo Deus ainda acrescenta riquezas, abundância de todas as coisas, ainda que não para todos, com certeza para muitos e de modo especial para aqueles que são fracos demais para suportar os males. Pois (como disse antes) a quem dá menos bens ou dotes corporais, a este dá mais dotes espirituais, para que tudo seja igual e ele próprio justo juiz de todos. Pois muitas riquezas não consolam tanto quanto um espírito alegre. Além disso, a alguns dá prole, o maior prazer (como se diz), poder, domínio honra, fama, glória, favor, etc.; e se todas essas coisas forem dadas para fruir por longo tempo, sim, também por curto tempo, ensinarão com facilidade o que fazer no caso de um mal pequeno.

Os bens do Espírito, entretanto, são mais excelentes do que estes, quais sejam: O talento, a ciência, a eloquência, a prudência; mas também neles como nos demais, ele estabelece a igualdade de seu governo, de sorte que não dá preferência àqueles aos quais concedeu mais, sobre outros aos quais, em compensação, concedeu maior paz ou alegria de espírito. Em tudo isso, porém, é preciso atentar com gratidão para a mão generosa de Deus e consolar nossa fraqueza, para que não nos admiremos se à quantidade e magnitude de bens se mistura alguma amargura, visto que também às pessoas voluptuosas não agrada nem o assado sem salmoura nem quase nenhuma outra comida sem algum gosto amargo de natureza ou resultante de algum condimento. A tal ponto é insuportável a eterna e exclusiva doçura, de sorte que está certo quem disse: “Todo gozo gera o fastio por sua assiduidade”, e outro: “Por fim o gozo se torna um esforço”. Quer dizer: Esta vida é incapaz de poder usufruir somente coisas boas. Daí originou-se também o provérbio: “É preciso que sejam fortes os ossos para suportar dias bons”. Por isso, sempre que considero este provérbio, admiro-me como é maravilhoso e verdadeiro seu conteúdo: A vontade das pessoas luta contra a própria vontade, pois nada buscam além de dias bons, aos quais, tendo-os alcançado, conseguem suportar menos para os maus.

Que nos encarece Deus neles senão que a cruz é maravilhosa também nos próprios inimigos da cruz, ao ponto de ter que temperar e santificar todas as coisas com suas relíquias, para que não pereçam, como se salga a carne para criar bicheira? Por que razão não aceitamos com muito prazer este tempero enviado por Deus, pelo qual nossa vida, incapaz de suportar os gozos e as coisas boas, chamaria espontaneamente se Ele não a enviasse? Assim acontece que descobrimos como é verdadeiro o que disse o sábio a respeito de Deus: “Que atinge fortemente de uma extremidade à outra e dispõe tudo de forma agradável”. (Sb 8.17) Se analisarmos estas coisa boas, revelar-se-á verdadeiro também o que diz Moisés em Dt 32.10s.: “Carregou-o com os seus ombros, o conduziu em redor e o protegeu como a pupila do olho”. Com isso podemos tapar a boca daqueles que, ingratos, tagarelam que nesta vida haveria mais coisas ruins do que boas, visto que não faltam as coisas boas e uma infinidade de comodidades agradáveis; o que falta são aqueles que reconhecem isto com aquele que diz: “A terra está cheia da misericórdia do Senhor” (Sl 33.5), e ainda: “A terra está cheia de seu louvor” (Is 6.3), e em Sl 103(104).24: “A terra está cheia de tua posse”. “Deleitaste-me, Senhor em tuas obras”. (Sl 92.4) Por isso cantamos todos os dias na missa : “Os céus e a terra estão cheios de tua glória”. Por que isso? Porque são muitas as coisas boas pelas quais deve ser louvado, mas apenas por aqueles que reconhecem esta plenitude. Como dissemos a respeito dos males na primeira imagem, os males de cada um são tantos quantos julga ter e quanto conhecimento tem deles; assim também as coisas boas, ainda que nos venham ao encontro e nos cubram de todos os lados, apenas são tão grandes quanto julgamos que sejam. Pois todas as coisas que Deus fez são muito boas, porém, não são reconhecidas como tais por todos.  Assim também fizeram aqueles dos quais diz Sl 106.24: “E consideraram como nada a terra desejável”.

Exemplo belíssimo e eruditíssimo dessa imagem nos fornece Jó, que disse, após a perda de todos os bens: “ Se recebemos as coisas boas da mão do Senhor, por que não suportaríamos os males”? (Jó 2.10) Esta é uma palavra verdadeiramente áurea e um forte consolo na tentação, pois ele não apenas sofreu, mas ainda foi tentado para a impaciência pela mulher que lhe disse: Ainda continuas em tua inocência? Bendize ao Senhor, e morre (Jó 2.9), como se quisesse dizer: “É evidente que não é Deus este que te abandona desta forma”. Por que então confias nele, em vez de, muito antes, tendo-o negado e maldito, te reconheceres como homem mortal a quem nada mais resta após esta vida? Isso e coisas semelhantes sugere a cada qual sua mulher (isto é, sua sensualidade) na tentação, porque os sentidos não percebem as coisas de Deus.

Contudo, tudo isso são bens corporais, comuns a todos; o cristão, porém, sobressai com outros bens interiores muito melhores, isto é, a fé em Cristo, a respeito da qual está dito em Sl 44(45).14: “Toda a glória da filha do rei é interior, nas fímbrias áureas, circuncidada com variedade”. Pois assim como dissemos do mal na primeira imagem, que no ser humano não pode haver mal tão grande que possa ser considerado o pior dos que estão nele, da mesma forma o cristão não pode ver o melhor dos bens que está dentro dele. Pois se o sentisse, já estaria no céu, visto que o reino dos céus (como disse Cristo) está dentro de nós. Pois ter fé é ter a verdade e a palavra de Deus, e ter a palavra de Deus é ter o Criador de todas as coisas. E se fosse revelado à alma quão grandes são esses bens, ela se separaria do corpo naquele mesmo instante por causa da excessiva abundância de gozo. Por isso está correto que os demais bens, aos quais nos referimos, são como que lembranças dos bens que temos dentro de nós, bens estes que ele quer encarecer-nos por meio daqueles. Visto que esta vida não suportaria que sejam revelados, eles são, misericordiosamente, escondidos por Deus até que cresçam à sua medida perfeita. É o que ocorre com pais dedicados que às vezes presenteiam os filhos com presentes insignificantes e pequenos para com eles provocá-los à esperança de coisas maiores.

No entanto, às vezes também eles se mostram e se externam, a saber, quando a consciência contentada se alegra na confiança de Deus, tem prazer em ouvir sua palavra, se torna disposta e alegre para lhe servir, para boas obras, para suportar os males, etc. Todas estas  coisas são indícios do bem infinito e incomparável que ali jaz latente e que verte para fora pinguinhos e pequenas gotas por uma fonte pequenina. Assim mesmo acontece, por vezes, que a almas mais contemplativas é revelado algo mais, de sorte que, absortas, não sabem onde estiveram, como confessam a respeito de si mesmos Sto. Agostinho e sua mãe, e muitos outros.

OBRAS SELECIONADAS DE LUTERO V2 TÁBUA 2 CAPÍTULO 1 “O PROGRAMA DA REFORMA”   

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    Sou Pastor Evangélico ha mais de 20 anos, com formação em Teologia 

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